Conservadorismo, discursos antigênero e disputas narrativas em torno das artes no Brasil
DOI:
https://doi.org/10.21669/tomo.v42i.18801Palavras-chave:
Antigênero. Arte. Conservadorismo. Discursos. Disputas políticas.Resumo
Nos últimos anos, houve um crescimento importante na propagação de discursos antigênero nos mais distintos campos sociais, com especial atenção aos campos da política, da educação e das artes, constituindo um fenômeno de dimensões globais. No Brasil, tais discursos, que podem ser compreendidos como um dos pilares que sustentam a argumentação do conservadorismo contemporâneo, passaram a protagonizar diversas disputas narrativas em torno das políticas de gênero e de sexualidade. Nesse sentido, este artigo busca investigar o papel dos discursos antigênero na articulação do conservadorismo no Brasil e das disputas narrativas produzidas em torno do tema no sistema das artes. Para isso, sob perspectivas decoloniais e feministas, em diálogo com as ciências sociais, apresentamos na primeira parte do texto uma revisão bibliográfica para, na sequência, articulá-la a eventos artísticos relacionados ao gênero e a pautas LGBTQIAP+ que foram alvo de investidas conservadoras em 2017, véspera de ano eleitoral.
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