A uberização do amor: aplicativos de encontros em cenário tecnoliberal e pandêmico

Autores

DOI:

https://doi.org/10.21669/tomo.vi41.17480

Palavras-chave:

Aplicativos para relacionamentos, Uberização, Neoliberalismo, Amor romântico, Pandemia Covid-19

Resumo

Neste artigo apresento e discuto de forma ensaísta os impactos do neoliberalismo conservador para as relações erótico-amorosas mediadas pelos aplicativos móveis para relacionamentos, os efeitos da crise sanitária da Covid-19 na busca por parcerias e como a dimensão afetivo-sexual encontra paralelos no presente com a esfera do trabalho precarizado de motoristas e entregadores de aplicativos, a chamada uberização do trabalho. Inspirada pelas proposições recentes da socióloga Eva Illouz busco o cruzamento entre capitalismo, afetos e a relação entre sexo e tecnologia, como componentes de uma nova forma de (não) sociabilidade. Assumo que o amor é uma força política que se encontra colonizada pelos discursos reiteradores do amor romântico. Um tipo de amor alicerçado na desigualdade de gênero, no individualismo e no consumo de emoções e produtos.

 

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Biografia do Autor

Larissa Pelúcio, Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" (UNESP)

Professora de Antropologia na Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (campus Bauru Departamento de Ciências Humanas FAAC), integra o quadro de docentes do Programa de Pós-Graduação em Comunicação, na mesma instituição. Doutora em Ciências Sociais pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), realizou Pós-doutorado na Université Paris 8 - Vincennes - Saint Denis.

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Publicado

2022-07-12

Como Citar

Silva, L. M. P. (2022). A uberização do amor: aplicativos de encontros em cenário tecnoliberal e pandêmico. Revista TOMO, (41), 199–232. https://doi.org/10.21669/tomo.vi41.17480

Edição

Seção

Dossiê