A uberização do amor: aplicativos de encontros em cenário tecnoliberal e pandêmico
DOI:
https://doi.org/10.21669/tomo.vi41.17480Palavras-chave:
Aplicativos para relacionamentos, Uberização, Neoliberalismo, Amor romântico, Pandemia Covid-19Resumo
Neste artigo apresento e discuto de forma ensaísta os impactos do neoliberalismo conservador para as relações erótico-amorosas mediadas pelos aplicativos móveis para relacionamentos, os efeitos da crise sanitária da Covid-19 na busca por parcerias e como a dimensão afetivo-sexual encontra paralelos no presente com a esfera do trabalho precarizado de motoristas e entregadores de aplicativos, a chamada uberização do trabalho. Inspirada pelas proposições recentes da socióloga Eva Illouz busco o cruzamento entre capitalismo, afetos e a relação entre sexo e tecnologia, como componentes de uma nova forma de (não) sociabilidade. Assumo que o amor é uma força política que se encontra colonizada pelos discursos reiteradores do amor romântico. Um tipo de amor alicerçado na desigualdade de gênero, no individualismo e no consumo de emoções e produtos.
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