O mal da literatura: a crítica da forma e da significação em Georges Bataille

De profundis clamavi ad te, Domine

Autores

  • Robson Araujo Universidade Federal do Ceará
  • Álvaro Maia Universidade Federal da Paraíba

Palavras-chave:

Comunicação, Literatura, Angústia, Linguagem, Baixo

Resumo

Pretendemos pensar neste artigo a noção de comunicação, em Georges Bataille, como o que define, de modo mais rigoroso, a experiência da literatura. Partimos, em princípio, de sua polêmica com o surrealismo de 1930 para demarcar o fato de que literatura é o oposto de uma composição formal que obedece a uma expressão intencional do sentido. Ela é antes comunicação que acede ao inominável, fletindo a separação sujeito-objeto para fazer ver, na linguagem, a nudez da experiência de angústia do autor; momento em que, para Bataille, a linguagem, o dizer, coincide com a materialidade de sua enunciação: o baixo material da vida humana. Deste modo, a literatura como comunicação arreda-se de uma exposição realista e constatativa do mundo, no afã de traduzir o referente em significação, para reclamar a possibilidade de dizer a experiência humana ali onde o dizer se subtrai, isto é, na proximidade do enunciador com a experiência limite de sua angústia.

Biografia do Autor

Robson Araujo, Universidade Federal do Ceará

Mestre em Filosofia (UECE) e Doutorando em Filosofia (UFC).

Álvaro Maia, Universidade Federal da Paraíba

Doutor em Filosofia (UFPB).

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Publicado

22-08-2023

Como Citar

ARAUJO, Robson Breno Dourado de; MAIA, Álvaro Lins Monteiro. O mal da literatura: a crítica da forma e da significação em Georges Bataille: De profundis clamavi ad te, Domine. A Palo Seco – Escritos de Filosofia e Literatura, São Cristóvão-SE: GeFeLit, n. 16, p. 19–31, 2023. Disponível em: https://ufs.emnuvens.com.br/apaloseco/article/view/n16p19. Acesso em: 18 dez. 2024.

Edição

Seção

Artigos