FILOSOFIA, ENSINO E SEMIÓTICA: UMA ANÁLISE DO PROCESSO ENSINO E APRENDIZADO ENTRE OS PERSONAGENS GUILHERME DE BASKERVILLE E ADSO DE MELK NA OBRA O NOME DA ROSA DE UMBERTO ECO

Cristiano Dias da Silva


Resumo

Esta comunicação pretende discutir o ensino da filosofia em relação ao texto literário através da pedagogia semiótica apresentada pelo personagem Guilherme de Baskerville na trama O nome da rosa, nesta Frei Guilherme ensina seu discípulo Adso de Melk a interpretar o mundo e a vida através dos signos. Para isso em um primeiro momento será feito uma exposição do emblemático episódio do cavalo Brunello logo no início da obra onde Guilherme apresenta seu método semiótico de descoberta de enigmas que pareciam não ter solução. Esta metodologia semiótica vai sendo paulatinamente ensinada para seu discípulo Adso que a absorve como instrumento do processo do filosofar para resolver problemas práticos da vida. Numa segundo etapa discutiremos o drama das misteriosas mortes no monastério apresentando o significado filosófico em relação aos símbolos do apocalipse e os lugares do espaço físico do monastério como: estribaria, pocilgas, biblioteca, horto, capela. Paralelo a isso será apresentada o percurso e a evolução do ensino e aprendizado realizado entre mestre e discípulo por meio das leituras de signos hiper codificados e meta-abdução. Neste sentido, o texto literário apresenta um contato com a filosofia considerando que aquilo que não se pode apreender através da pura teoria apresenta-se mais acessível por meia da narrativa e suas figuras. O espaço fechado do monastério será reinterpretado neste estudo em comparação com ambientes fechados da sociedade pós-moderna como condomínios de luxo onde se busca total independência dos que estão extramuros consolidando uma dura divisão social entre pobres e ricos. Portanto, a pedagogia semiótico presente na narrativa de Eco apresenta não apenas uma releitura da enciclopédia cultural do medievo, mas um instrumento semiótico que pode ensinar o estudante da sociedade contemporânea a interpretar melhor os signos e significados do mundo atual, principalmente aqueles do mundo digital das inteligências artificiais. Por fim, consideraremos que o sujeito esclarecido do fim do medievo nutre percepções contrárias à sua realidade dogmática conservadora e que coincide com aspectos do sujeito pós-moderno do 'pensiero debole', descrente nas grandes narrativas. 

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