Vidas Secas: travessias geopoéticas no sertão
Mots-clés :
Representações, Modernismos, Geopoética, TravessiaRésumé
As representações do Nordeste brasileiro em obras artísticas versam sobre o sertanejo em travessias geográficas a partir de geopoéticas imaginárias. As narrativas literária e cinematográfica são atravessadas pelo discurso realista capturado pelo olhar estético. Neste artigo, comentamos as imagens e paisagens geopoéticas construídas nestas travessias, observando personagens das narrativas das obras Vidas secas (1938), de Graciliano Ramos, e Vidas secas, do cinema (1963), de Nelson Pereira dos Santos. A teoria da Geopoética é uma forma de perceber as nuances e a potência viva deste ambiente real, paradoxalmente apresentado como quase sem vida, porém revitalizado pelos olhares artísticos, literários e cinematográficos. Para balizar conceitualmente esta produção, temos Barthes (1984); Debs (2010); Santos (1996); Souza (2009) e White (2020), que subsidiam as discussões de cunho semiológico sobre as construções literárias e cinematográficas aqui tratadas geopoeticamente. Concluímos que as representações dos ambientes naturais e culturais sertanejos, sob a perspectiva geopoética, ultrapassam as relações estéticas entre as obras, alcançando assim traços do engajamento ético em cada período da arte literária e cinematográfica modernas do nacionalismo-popular brasileiro.
Références
ALBAGLI, Sarita. Geopolítica da biodiversidade. Brasília: Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, 1998.
ALVES, Elder Patrick. Maia. A economia simbólica da cultura popular sertanejo-nordestina. Maceió: EDUFAL, 2011.
ANDREOTTI, Giuliana. Paesaggi in movimento, paesaggi in vendita, paesaggi rubati. Trento: Artimedia/Valentina Terntini Editore, 2007.
BARTHES, Roland. A câmara clara: nota sobre a fotografia. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984.
BARTHES, Roland. Crítica e Verdade. São Paulo: Perspectiva, 1970.
CALHEIROS, Karla Rachel Jarsen de Melo. A CURA ATRAVÉS DA FÉ: Um olhar sobre as benzedeiras/rezadeiras alagoanas. Universidade Federal de Alagoas. IX Mestres e Conselheiros Agentes Multiplicadores do Patrimônio. Belo Horizonte/MG, 2017.
DEBS, Sylvie. Cinema e literatura no Brasil: os mitos do sertão: emergência de uma identidade nacional. Belo Horizonte: C/Arte editora, 2010.
FREIRE, Paulo. A importância do Ato de Ler: em três artigos que se completam. São Paulo: Autores Associados. Cortez, 1989.
MENEGUSSO, Gustavo; MÜLLER, Nelci. A geopoética na literatura gaúcha: uma leitura da paisagem nos romances Ana Terra e Ana Sem Terra. In R. Língua & Literatura Frederico Westphalen v. 13 n. 20 p. 109-123 ago. 2011.
NOVAES, Claudio Cledson. Cinema sertanejo: o sertão no olho do dragão. Feira de Santana: Edições UEFS/MAC, 2007.
RAMOS, Graciliano. (2015). Vidas Secas. São Paulo: Record. (Original publicado em 1938).
SANTAELLA, Lúcia. O que é semiótica? São Paulo: Brasiliense, 2012 [1983].
SANTOS, Milton. A natureza do espaço: técnica e tempo – razão e emoção. São Paulo: Edusp, 2002.
SANTOS, Milton. Por uma Geografia Nova. São Paulo: Hucitec, Edusp, 1978.
SANTOS, Milton. Da paisagem ao espaço: Uma discussão. In: II ENCONTRO NACIONAL DE ENSINO DE PAISAGISMO EM ESCOLAS DE ARQUITEURA E URBANISMO DO BRASIL, 2, 1995, São Paulo. Anais do II ENEPEA. São Paulo: Universidade São Marcos/FAU USP, 1996.
SANTOS, Milton. Pensando o espaço do homem. 4. ed. São Paulo: Hucitec, 1997.
SANTOS, Nelson Pereira dos. Vidas secas. Entrevista concedida ao programa De lá pra cá da TV Brasil, 2008.
VIDAS SECAS. Direção: Nelson Pereira dos Santos. Brasil, 1963. 115 minutos.
WHITE, Kenneth. O GRANDE CAMPO DA GEOPOÉTICA. Disponível em: https://www.institut-geopoetique.org/pt/textos-fundadores/56-o-grande-campo-da-geopoetica. Acesso em: 2 nov. 2020.
WHITE, Kenneth. UMA ABORDAGEM CIENTÍFICA DO CAMPO GEOPOÉTICO. Disponível em: https://www.institut-geopoetique.org/pt/textos-fundadores/65-uma-abordagem-cientifica-do-campo-geopoetico. Acesso em: 2 jan. 2021.
Téléchargements
Publiée
Comment citer
Numéro
Rubrique
Licence
(c) Tous droits réservés A Palo Seco - Escritos de Filosofia e Literatura 2023
Ce travail est disponible sous licence Creative Commons Attribution - Partage dans les Mêmes Conditions 4.0 International.
O/A autor/a deverá concordar com os termos da Declaração de Direitos Autorais, no qual cede à revista A Palo Seco – Escritos de Filosofia e Literatura como detentora dos direitos autorais da publicação.
1. As opiniões expressas nos textos submetidos à revista A Palo Seco – Escritos de Filosofia e Literatura são de responsabilidade do/a autor/a.
2. Autores/as conservam os direitos de autor/a e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite a partilha do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
3. O/A autor/a comprometem-se a seguir as “Normas para submissão de manuscritos”, na plataforma SEER.
4. Compete aos/às autores/as aceitar as sugestões de alterações na submissão, quando encaminhadas por sugestão dos/as avaliadores/as, Revisores/as Científicos e/ou da Comissão Executiva. Sempre que houver alterações de que os/as autores/as discordem, devem ser apresentadas as respectivas justificações, se for o caso.
5. A reprodução de material sujeito a direitos de autor/a foi antecipadamente autorizada.
6. Os textos são originais, não publicados nem submetidos a outras revistas.
Licença Creative Commons CC BY-SA (Atribuição - Compartilha Igual) 4.0 Internacional.