De Borges, com humor
Resumen
No primeiro parágrafo de Arte de Injuriar, Borges afirma que em momento algum imaginou que os escritores que exerciam a vituperação e a burla, como Quevedo ou Voltaire, se desvelariam ao planejar seus ataques, devido a que todo tropeço do burlador para o burlado é uma arma. Estes homens de inteligência prodigiosa perderiam então o sono na busca da burla perfeita, irrefutável. Entretanto, diz a seguir, logo após uma breve revisão de uma série de ofensas, tanto ilustres quanto comuns, a crença numa arte da injúria de envergadura magistral lhe parece difícil de sustentar. Isso porque toda ofensa, toda burla, diz o argentino, acaba enquadrando-se numa convenção cujas regras também regem a injúria do homem da rua. O burlador procederia sim com especial desvelo , mas com desvelo de jogador de baralho. Em ocasiões, inclusive – supomos nós que nas suas manifestações mais pedestres –, a arte da injúria sequer precisará de palavras; gestos bastarão, como exibir a língua ou o “pito catalãn”(BORGES, 1986, p. 419).Citas
BORGES. Jorge Luis. Obras Completas. Buenos Aires: Emecé, 1978.
NIETZSCHE, Friedrich. El crepúsculo de los ídolos. Madrid: Bruguera, 1982.
RONCERO LÓPES, V. De bufones y pícaros: La risa en la novela picaresca. Madrid iberoamericana, 2010.
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