O escudo de Dioniso: sobre a relação metafórica entre vinho e guerra na poesia grega
Palabras clave:
Aristóteles, Metáfora, Vinho, Guerra, Poesia elegíaca, Drama áticoResumen
O presente artigo visa a investigar a hipótese de que a imagem usada por Aristóteles em Poética, XXI.1457b16-22, como exemplo da metáfora por analogia – a de que a taça (phialē) está para Dioniso assim como o escudo (aspis) está para Ares, – é, na verdade, a cristalização de um rico imaginário pregresso, e não simplesmente a articulação casual entre duas divindades quaisquer por artefatos característicos antonomásticos. Partindo dessa hipótese, analisamos instâncias do emprego privilegiado desta metáfora nas manifestações poéticas atreladas a dois contextos marcadamente dionisíacos, a saber, o simpósio e a festa: ambos estão ligados ao consumo de vinho, e ambos são possibilitados pela ausência de guerra. Assim sendo, na primeira seção do artigo, investigamos a contraposição entre vinho e guerra na elegia arcaica metasimpótica. Na segunda, nos interessa o vinho como símbolo de trégua militar no drama ático apresentado nas festividades dionisíacas, sobretudo na comédia aristofânica.
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