Teatro-Política-História: algumas notas a partir de Brecht
Abstract
Comecemos com um pequeno princípio metodológico: leremos a peça Quebra-quilos, trabalho extraordinário do diretor Márcio Marciano e do grupo de teatro Alfenim, pelas lentes do teatro dialético brechtiano. Em nenhum momento forçaremos a barra para colocar numa camisa de força importada um arrojado “teatro paraibano”. Longe disso. É que pela formação do diretor na Companhia do Latão, e por uma série de cenas que nos levam a um certo “estranhamento”, fica fácil aproximarmos a peça Quebra-quilos de algumas categorias desenvolvidas pelo teatrólogo alemão B. Brecht. Marciano e o Alfenim produziram um texto vigoroso e inteligente, a altura de qualquer grande trabalho teatral no Brasil contemporâneo. Escolheram uma temática nada neutra politicamente da história do Nordeste e em particular da Paraíba: a Revolta do Quebra-Quilos, de 1874. As informações históricas vêm a “contra-gotas”, pois fica notório que o interesse da peça não é o de nos contar uma história tal qual foi (se é que isto é possível para a historiografia acadêmica!), mas fazer uma leitura “dramática” de momentos/acontecimentos significativos da pesquisa feita sobre o determinado acontecimento. Retomemos um pouco da história da revolta dos quebra- quilos para voltarmos à peça e percebermos que a escolha do grupo Alfenim foi mais do que feliz em um momento de “despolitização” do teatro brasileiro, onde seguir um “modelo televisivo” (da Rede Globo, em particular) passou a ser fórmula de sucesso para vários grupos teatrais da nossa Pindorama.
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