O lugar da poesia na filosofia de Platão
Abstract
Platão viveu em uma época de decadência política. A Grécia, dividida em cidades rivais, mantinha a fama de Atenas como a cidade mais bela e imponente. Famosa por suas conquistas e cultura, no entanto, indefesa frente aos tiranos, bárbaros e demagogos. A cidade que inventou conceitos fundamentais que ainda hoje usamos como guias, tais como democracia, liberdade, isonomia, lei, política, tem na morte de Sócrates, para Platão, a consumação de seu declínio. Não é por casualidade que a virtude política é um tema que perfaz grande parte dos diálogos menores de Platão. Protágoras e Górgias são exemplos claros, não de uma busca por fundar sistema, mas de colocar a descoberto o processo de conhecimento. A República (Politeia) não é diferente. Nesse diálogo Platão realiza uma exposição “plástica” do Estado e de seus problemas ético-sociais. Embora essa obra não possa ser classificada como texto de direito político ou administrativo, é indubitável que Platão está tratando de um tema caro a todo sistema político, a saber, a justiça. O caminho encontrado pelo filósofo para refletir sobre a natureza do Estado justo é talvez o mais recorrente na história da filosofia antiga, a saber, a alma e suas manifestações. Mas que relação existe entre alma e poesia?
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