Ritmos e pensamentos em Fantasia para dois coronéis e uma piscina, de Mário de Carvalho
Palavras-chave:
Poética, Fantasia, ParódiaResumo
Este artigo analisa os pensamentos e os ritmos, elementos essenciais para a composição de um texto literário, do romance Fantasia para dois coronéis e uma piscina, do escritor português Mário de Carvalho. Essa ‘fantasia literária’, designada como ‘cronovelema’ pelo autor, retoma os filósofos Aristóteles e Thomas More, para propiciar ao narrador, personagens e leitores, a partir da paródia da Poética e da Utopia, uma viagem por Portugal e pelo universo semântico do texto. Parte-se do conceito de intertextualidade para o estudo dos diálogos estabelecidos com temas e textos literários portugueses, da tradição literária grega e latina, centrando atenção nas discussões metaficcionais e filosóficas reelaboradas por um autor-narrador e por personagens. O objetivo foi demonstrar como Mário de Carvalho recupera os temas clássicos para associá-los, de forma paródica e irônica, aos problemas da sociedade e do homem contemporâneo.
Referências
ARISTÓTELES. Poética. Tradução de Eudoro de Souza. Lisboa: Fundação Gulbenkian, 1986.
BRANDÃO, J. L. A adivinhação no mundo helenizado do segundo século. Clássica, São Paulo, v. 4, n. 4, p. 103-121, 1991.
BRANDÃO, J. L. Primórdios do épico: a Ilíada. In: APPEL, M. B; GOETTEMS, M. B. (org.) As formas do épico: da epopéia sânscrita à telenovela. Rio Grande do Sul: Editora Movimento / SBEC, 1992, p. 40-55.
BRANDÃO, L. A.; Oliveira, S. P. Sujeito, tempo e espaço ficcionais: Introdução à Teoria da Literatura. São Paulo: Martins Fontes, 2001.
CAMÕES, L. Os Lusíadas. Prefácio de Hernâni Cidade. São Paulo: Abril Cultural, 1979.
CARVALHO, M. Era bom que trocássemos umas ideias sobre o assunto. 5 ed. Lisboa: Caminho, 2003.
CARVALHO, M. Fantasia para dois coronéis e uma piscina. 3 ed. Lisboa: Caminho, 2003.
FERREIRA, J. R. Mitos das origens. 2 ed. Coimbra: Coleção Fluir Perene, 2008.
FERREIRA, J. R.; SOUSA E SILVA, M. F. Heródoto. Histórias. Livro I. Lisboa: Edições 70, 2002.
GOTLIB, N. B. Viagens e Viagens: o sentido contraditória das navegações em Os Lusíadas. Boletim, Centro de Estudos Portugueses da FALE-UFMG, Belo Horizonte, n. 12, p. 128-143, 1979.
HOMERO. Ilíada. Tradução de F. Lourenço. Lisboa: Livros Cotovia, 2005.
HOMERO. Odisseia. Tradução de F. Lourenço. Lisboa: Livros Cotovia, 2003.
HORÁCIO. Epitres. Tradução de F. Villeneuve. Paris: Belles Lettres, 1955. (Collection des universites de France)
HUTCHEON, L. Teoria e Política da Ironia. Tradução de Julio Jeha. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2000.
HUTCHEON, L. Uma teoria da paródia. Lisboa: Edições 70, 1989.
KRISTEVA, J. Introdução à semanálise. São Paulo: Perspectiva, 1974.
LAUSBERG, H. Elementos de Retórica Literária. 4 ed. Tradução e prefácio de R. M. Rosado Fernandes. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1967.
MELERO, A. La lengua de la utopia. In: LOPES EIRE, A.; GUERREIRA, A. R. (Eds.). Registros Lingüísticos en las lenguas clásicas. Salamanca: Ediciones Universidad Salamanca, Aquilafuente, 2004.
MELERO, A. La utopia cômica o los límites de la democracia. Cuadernos de literatura griega y latina III, Madrid – Santiago de Compostela, p. 07-25, 2001.
MORE, T. A utopia. São Paulo: Ediouro, 1900.
SANT’ANNA, A. R. Parodia, paráfrase & cia. 2. ed. São Paulo: Ática, 1985.
SANTOS, R. B. Aspectos da cultura clássica em Mário de Carvalho. Belo Horizonte: UFMG, 2009. (Tese de Doutorado)
SILVESTRE, O. M. Mário de Carvalho: revolução e contra-revolução ou um passo trás e dois à frente. Colóquio/ Letras, n.147/ 148, 1998.
XAVIER, L. G. O discurso da ironia. Lisboa: Novo Imbondeiro, 2007.
WELLEK, R.; WARREN, A. Teoria da Literatura e metodologia dos estudos literários. Tradução de Luis Carlos Borges. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
WEST, M. L. The East face of Helicon: West Asiatic Elements in Greek Poetry and Myth. Oxford: Clarendon Press, 1997.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
O/A autor/a deverá concordar com os termos da Declaração de Direitos Autorais, no qual cede à revista A Palo Seco – Escritos de Filosofia e Literatura como detentora dos direitos autorais da publicação.
1. As opiniões expressas nos textos submetidos à revista A Palo Seco – Escritos de Filosofia e Literatura são de responsabilidade do/a autor/a.
2. Autores/as conservam os direitos de autor/a e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite a partilha do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
3. O/A autor/a comprometem-se a seguir as “Normas para submissão de manuscritos”, na plataforma SEER.
4. Compete aos/às autores/as aceitar as sugestões de alterações na submissão, quando encaminhadas por sugestão dos/as avaliadores/as, Revisores/as Científicos e/ou da Comissão Executiva. Sempre que houver alterações de que os/as autores/as discordem, devem ser apresentadas as respectivas justificações, se for o caso.
5. A reprodução de material sujeito a direitos de autor/a foi antecipadamente autorizada.
6. Os textos são originais, não publicados nem submetidos a outras revistas.
Licença Creative Commons CC BY-SA (Atribuição - Compartilha Igual) 4.0 Internacional.