Inimigos públicos ou Um rebelde que quer um lugar
Resumo
O cinema talvez seja a imagem da violência do homem tomando consciência da sua própria violência. Como dizia um personagem de Wim Wenders: imagem em preto e branco. Porém, Michael Mann faz seus filmes em cor. E a cor é a beleza da luz. Só que a tez dramática do filme Inimigos públicos nos faz senti-lo como se fosse quase em preto e branco. Trata-se de um filme intenso e a sua cor é uma máscara, uma renúncia sem renunciar. Força o contraste, o jogo de oposições, o que quer dizer: faz em cor, mas usa o negro para embranquecê-la, para recriar o contraste. Ao menos, a força do pensamento cinematográfico de Mann nos leva a perceber que a matéria do filme tende para esta expressão, esta forma conflituada. Por quê? Porque ele infiltra a tensão do preto e branco no maravilhoso da cor, tornando o maravilhoso a face pura do fatal. Michael Mann é um cineasta que pode ser incluído na linha da “estética da violência”. Na sua película, a “estética da violência” não tem nada a ver com a estetização da própria violência, não é torná-la banal (como na mídia em geral).Referências
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