Neoplatonismo, mística e poesia: do dizível ao indizível
Resumo
Falar sobre mística não é tarefa fácil. Sobre poesia, menos ainda. Não porque não se possa falar sobre mística, ou poesia, mas exatamente porque se fala muito sobre ambas. De modo que esta minha interven- ção já começa marcada por um desconforto, a saber, escapar do risco de cair no falatório vazio onde tudo cabe, ou seja, mística seria desde uma música de Reginaldo Rossi até um texto de Teresa De Ávila, nem no radicalismo filológico que inviabiliza determinadas formas comuns de “experiências” mediante a distinção terminológica ou conceitual empregada por aqueles que as descrevem. Um caminho que me parece, por- tanto, viável diante destes dois riscos, é demarcar nosso objeto de análise o que, para mim, significa manter-se em uma “tradição”, isto é, restringir-se a um modo específico de pensar, tanto na forma quanto no conteúdo, em uma vivência classificada como “experiencial”, em que a filosofia e a literatura compar- tilham de uma mesma tarefa, a saber: revelar, mediante as metáforas e os simbolismos, a existência de uma ordem do mundo que não se deixa abarcar, precisamente, por nenhuma inteligibilidade. Nesse senti- do, teríamos que repensar inclusive a ideia mesma de “ordem”. Tarefa que, ao contrário de conduzir a uma distinção dicotômica entre os âmbitos da natureza (imanência) e da sua totalidade (transcendência), per- mite uma compreensão em que o místico, mais que mistério, é a constatação de que os fatos do mundo não são tudo.
Referências
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