A França no século XIX: história, literatura e arte. Uma contribuição para os estudos em literatura comparada no Brasil
Resumo
O presente artigo é fruto de uma pesquisa situada na intersecção da literatura e da história, e realizada no contexto do curso Literatura Francesa III, no segundo semestre de 2009, na Universidade Federal de Sergipe. Partindo do pressuposto teórico de que a prática literária não pode ser isolada de seu campo de inserção e produção, e que o escritor não vive isolado em nenhuma torre de marfim (Dubois, 1978), orientei os estudantes para que investigassem a história da França do século XIX. Tal estudo é necessário para interpretar as obras e o percurso de autores que, inseridos numa realidade política em completa mutação, deram início à modernidade e revolucionaram o verbo poético. Impossível entender a prática literária da primeira metade do século XX sem relacioná-la com as experimentações estéticas do século anterior, fortemente condicionado pela Revolução de 1789. Foi então que os autores atuaram para uma autonomização do campo da literatura dentro da sociedade e deixaram de servir os príncipes para conquistar uma independência intelectual e artística e também consolidar a liberdade de expressão dos criadores. Por que o exílio de Victor Hugo durante vinte anos? Por que a revolta e as fugas de Arthur Rimbaud? Qual é o sentido da vingança do conde de Monte Cristo no romance de Dumas? Como interpretar a coragem da postura moderna de Charles Baudelaire? Qual relação se pode estabelecer entre a melancolia romântica e o niilismo de autores do século XX como Sartre ou Camus? Ademais, o presente artigo contribui para entender as condições históricas que levaram à formalização de uma identidade francesa envolvida com questões humanas e sociais, ou seja, além do âmbito exclusivamente nacional no sentido herderiano: por isso, talvez, a força de sua irradiação internacional, iniciada desde o século XVII e resultado de uma história não só prestigiosa como também digna de admiração.Referências
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