<strong>Um bom poema é uma peça digna de ser pregada em homens sensatos – <em>A religiosa</em></strong>
Resumo
RESUMO
O Realismo diderotiano, avant la lettre, sacrifica a bela página à bela ação por entender que a “moral em exercício” é o que importa para que a literatura cumpra com seu papel, a saber: como ela pode educar moralmente os homens e ao mesmo tempo servir de instrumento de divulgação de certos valores morais? Este texto pretende, ao responder a este questionamento, demonstrar que, ao escrever A Religiosa, Diderot pretendia, além de fazer uma denúncia sobre as atrocidades que eram cometidas nos conventos franceses no século XVIII, cumprir com a finalidade da Ilustração. A elaboração da “História da Freira” demonstra a preocupação do autor em colocar a moral em ação, com o intuito de levar adiante seu projeto, que se coaduna com aquele pedagógico e civilizatório da Ilustração: esclarecer os homens, tornando-os autônomos e virtuosos; em sendo virtuosos, felizes. Logo, tal projeto colabora, também, com o bem-estar da sociedade.
PALAVRAS-CHAVE: Ilustração. Diderot. A Religiosa. Moral em exercício.
RÉSUMÉ
Le réalisme de Diderot, avant la lettre, sacrifie la belle page à la belle action, car l’auteur estime que la “morale en exercice” est ce qui compte pour que la littérature remplisse son rôle, à savoir: comment peut-elle éduquer moralement les hommes en même temps que servir d’outil de diffusion de certaines valeurs morales? Ce texte-ci prétendre à répondre à cette question en cherchant à vérifier que lors de l’écriture de La Religieuse, Diderot vise, outre la dénonciation des atrocités commises dans les monastères français au XVIIIe siècle, l’accomplissement des buts des Lumières. L’élaboration de l’Histoire de la Religieuse fait preuve du souci de Diderot de la place de la morale en tant qu’action, afin de mener à bien son projet. Celui-ci va de pair avec le projet éducatif et civilisateur des Lumières: éclairer les hommes, c’est-à-dire, les rendre autonomes et vertueux, donc vertueux et heureux. Par conséquent, ce projet atteint un au-delà de l’individualité, qui est le bien-être de la société.
MOTS-CLÉ: Les Lumières. Diderot. La Religieuse. Morale en exercice.
Referências
DIDEROT, Denis. In: Diderot. Oeuvres. Correspondance. Paris: Robert Laffont, 1997. (Collection Bouquins). Tome V.
______. A Religiosa. Tradução Antônio Bulhões e Miécio Tati. São Paulo: Círculo do Livro, s.d.p.
______. Contes et Romans. Paris: Gallimard, 2004. (Collection Bibliothèque de la Pléiade).
______. Discurso sobre a poesia dramática. Tradução Franklin de Matos. São Paulo: Brasiliense, 1986.
______. Discurso sobre a poesia dramática. Tradução, organização, apresentação e notas de L. F. Franklin de Matos. 2. ed. São Paulo: Cosac Naify, 2005.
______. Obras II: Estética, Poética e Contos. Tradução J. Guinsburg. São Paulo: Perspectiva, 2000. (Coleção “Textos”).
______. Obras V: O Filho Natural. Tradução Fátima Saadi. São Paulo: Perspectiva, 2008. (Coleção “Textos”).
______. Obras VII: A Religiosa. Tradução J. Guinsburg. São Paulo: Perspectiva, 2009. (Coleção “Textos”).
DIECKMANN, Herbert. Introduction à la “Préface de La Religieuse”. In: Oeuvres complètes de Diderot. Paris: Hermann, 1975. Tome XI.
GREEN, F. C. French Novelists, Manners and Ideas, from the Renaissance to the Revolution. New York: s.n., 1929.
MATTOS, Franklin de. Moral em exercício. In: A Cadeia Secreta. São Paulo: Cosac&Naify, 2004.
______. A Religiosa. Tragédia e mistificação. In: O filósofo e o comediante. Ensaio sobre literatura e filosofia na Ilustração. Belo Horizonte: UFMG, 2001.
MARTIN, Christophe. Christophe Martin commente La Religiosa de Diderot. Paris: Gallimard, 2012. (Collection “Foliothèque).
MOISÉS, Massaud. Dicionário de Termos Literários. São Paulo: Cultrix, 2004.
MONTANDON, Alain. Le roman au XVIII siècle en Europe. Paris: PUF, 1999. (Collection Littérature européennes).
PAMUK, Orhan. O romancista ingênuo e o sentimental. Tradução de Hildegard Feist. São Paulo: Companhia das Letras, 2011.
SANTANA, Raquel de Almeida. A jornada e a clausura. Figuras do indivíduo no romance filosófico. São Paulo: Ateliê Editorial, 2003.
SANTANA, Christine Arndt de. Educação e Literatura: a “Moral em exercício” em Diderot. São Cristóvão: Núcleo de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Sergipe (USP), 2013. (Tese de Doutorado). Orientador Professor Edmilson Menezes.
TROUSSON, Raymond et al. (dir.) Dictionnaire de Jean-Jacques Rousseau. Paris: Honoré Champion, 2006. (“Champion Classiques”).
WILSON, Arthur M. Diderot. Sa vie et son oeuvre. Traduction Gilles Chahine, Annette Lorenceau, Anne Villelaur. Paris: Laffont/Ramsay, 1985. (Collection Bouquins).
WILSON, Arthur. Diderot. Tradução Bruna Torlay. São Paulo: Perspectiva, 2012. (Col. Perspectivas).
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
O/A autor/a deverá concordar com os termos da Declaração de Direitos Autorais, no qual cede à revista A Palo Seco – Escritos de Filosofia e Literatura como detentora dos direitos autorais da publicação.
1. As opiniões expressas nos textos submetidos à revista A Palo Seco – Escritos de Filosofia e Literatura são de responsabilidade do/a autor/a.
2. Autores/as conservam os direitos de autor/a e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite a partilha do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
3. O/A autor/a comprometem-se a seguir as “Normas para submissão de manuscritos”, na plataforma SEER.
4. Compete aos/às autores/as aceitar as sugestões de alterações na submissão, quando encaminhadas por sugestão dos/as avaliadores/as, Revisores/as Científicos e/ou da Comissão Executiva. Sempre que houver alterações de que os/as autores/as discordem, devem ser apresentadas as respectivas justificações, se for o caso.
5. A reprodução de material sujeito a direitos de autor/a foi antecipadamente autorizada.
6. Os textos são originais, não publicados nem submetidos a outras revistas.
Licença Creative Commons CC BY-SA (Atribuição - Compartilha Igual) 4.0 Internacional.